sábado, 19 de julho de 2014

Lago (meu)

Lagos residuais
lago
lagoa sua imensidão embarrada
Sem olhos vitrines de ferro não avisto seu fim tumba maldita em flor que molha as entradas violadas
Flutuantes vitórias sem Régias consomem últimos chorumes espalhados pelas águas agridoces
Um hoje sem companhias a sós com a ablepsia que instaura momentos brancos em escuros alagados
Órgão buraco de luz negra... Olhos selados pela escuridão...
levados pela morte e abrindo somente quando anuir a vida que um dia foi emergida em boias vivas...
Te persigo em vãos que não passo e volto com mãos estendidas que nunca são encontradas
Distancio do aqui só para não sentir o amanhã com medo da invasão vermelha do ontem...
passos pesados se ardem em fusão com fundos frios quase se perdendo nas diversas multidões caladas
caldas embalam sua nudez ácida agora vestida de mãos profanadas em atos emporcalhados vertendo sumago...
seguram, apertam, enforcam...
abafam as inflexões aguçadas durante as correntezas improprias para seu lago
Nada em nada
Tudo bem em ter nada. Tudo bem em não alcançar nada.  Tudo bem em ver nada.
Tenho um lugar para voltar mesmo que dentro e sem foras
apenas só
em voz
...
Imagem: Jája Pája

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sonho

Vejo um sonho.
Um sonho sem fim...
Um mundo tingido de vermelho.
Posso ouvir coisas distantes ou perto que ecoam nos poros de minha mente.
Adultos caminham ocupados sem perceber a pequenina forma sentada no banco.
Inerte aos passos de ida sem volta...
Uma criança chorando em espaço sem fim...
bloqueando o céu escarlate.
Eu queria ao menos secar suas lágrimas contrariadas...
Mas...  minhas mãos não se moviam e lágrimas escorriam...
iam de  bochechas a bochechas absorvidas pela neve quente...
Tudo o que eu podia fazer era estar...
Tão doloroso e triste.
Está tudo bem... Tudo vai passar...
Fico imaginar ou quem sabe a sonhar: de quem será essas palavras...
Devagar em mansinho...
Se aconchegando no fim...
O sonho vai desaparecendo em uma cor diferente.
Mas novamente me encontro no encontro de um sonho dentro do sonho e...
E estou dentro.
Como sempre...
E o mesmo cenário se repete continuamente...
Lentamente embalada pelo sono... 
Suplico...
Para próximas e indelicadas vezes que abrir meus olhos...
Aviste um panorama diferente.
Com fins e afins ...
Penso...
quando foi que percebi que tudo isso era apenas um sonho...
Anos? Minutos? E mesmo essas repostas desaparecem como fumaças negras selando meu mundo.
Mundo no qual eu não tenho certeza  se o tempo flui ou não...
Sem certezas ou verdades...
só sonho com o dia em que irei acordar...
Questionamentos em ondas me perseguem em formas sem pontos...
Todo sonho tem um fim? Não importa o quão bom seja ou quão assustador seja?
Será quando a genitora sacode para fora ou para dentro o quente do manto sagrado colorido ou incolor?
Resposta?
Apenas uma cena matinal em mundos separados...
Sem mudanças reais
Sem memórias
Memórias histórias
Que fazem parte de um gigante quebra cabeça chamado mundo
de dentro...
onde estão armazenadas todos os fragmentos de vidas passageiras e largadas...
Sem confianças ou fianças
As vezes em mochilas aladas outras em tiaras de asas
Ou em coelhinhos sem olhos vermelhos calados em espera da velha lembrança de quando os sonhos começam a não ter fim
E sem respostas...
Um rosto em lágrimas, cria refletida em pedaços de água salgada perdida em chão seco

 aparece...
Imagem: Tina Bazen