sexta-feira, 23 de maio de 2014

Irmã VIII

Irmã VIII
Sepulto Involuntário
Olhos que me abrigam com tanto gosto e adorno...
mãos brancas que me encobrem de tantas cores em fileiras arrumadas...
Lágrimas inumam meus lábios soterrados de seca 
Não se turve com minha desaparição 
entorpeça suas iris e atenue suas mãos 
Aprenda ser menos eu ou menos você enquanto nós desaparecemos num leito amadeirado e perfumado cheios de espaços 
uma viagem de volta sem rodas ou molas, pois nossas voltas não se voltam apenas se revoltam 
Não está só como nunca me viu só 
Com sua boneca menor no colo quente e batido sentirá que estou e não sou
uma parceira de memórias costuradas em linhas de vidas nos panos brancos que sempre cobriram nossas bocas ocas de ecos 
Agora chega de sopros quentes e desprendamos para as hilariantes brincadeiras de verdades 
com idades
com cidades
com saudades
com...
adeus 
Deus
de irmã?
Mei   

Imagem: Paulina Góra

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