sábado, 31 de maio de 2014

Portões da alma

Portões da alma
vento frio ferindo minha face molhada de lágrimas...
E meu corpo seco mumificado 
Eu ouvi um som distante, mas estava muito cansada para pensar e votei ao silencio da noite pesada sob minha carne
agora fria, mole, flutuante em solitárias melodias...
em voltas e revoltas encontro questões de como as chaves se desprenderam do secreto chaveiro
será porque nunca houve um claviculário com trancas e cadeados sem fendas...
sons novamente despertam sentimentos íntimos...
batendo como palmas de ferros enferrujados e amaldiçoados em frente ao meu e que um dia foi seu porto e agora só cais... 
ais...infinitos como a dor que agora não passa de oração para um amanhã sem você
Agora
aqui entre lenço e lençóis me forro de nós e nozes para que não sobre mais espaços nas extensões que me deixou...
 mas ainda sinto no fundo de meus ouvidos tapados o som ardente e rangente da inesperada abertura que o tirou do ninho que formamos com tantas imagens, aromas e brincadeiras
faceiras invisíveis que não me avisaram quando estava indo... 
e agora
agora só suas marcas fundas me aquecem e fazem companhia
Eu só quero te abraçar sem parar...
só, por inúmeras vezes te ter em meus braços agora alongados, cinzas, frios e trêmulos de vãos
sem saber como apertar, agarrar, estremecer sem deixar um pinguinho escorrer, mas ai vem essas graves grades me acordar...
despertar para me dizer que o frio será bem rigoroso esse ano...
e minhas flores não irão florescer 
perecer
entristecer
quem sabe tecer mais um manto para atenuar o frio , o único companheiro de agora. 
que não está fora, mas interno como inverno terno...
Mei 
Imagem: Virginia Mori



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Lágrimas Coloridas

Lágrimas Coloridas
Dar uma cor a um sentimento que não cabe a tabela...
Encobrir o que não se patenteai...
Enxurrar suas selvagens águas e privar o máximo de suas...
até um dia quem sabe...
amover de um aguado sem seca ser molhado...
te espero sem empossar  da tao ensopada palavra " ser"
Eu
quem sabe...
" Nós" ... tão molhada e regada quanto suas raízes dessecadas engendradas nos cinzas famosos da banca.  
Mei

Mar lagrimal

Mar lagrimal 
Suco salgado á prova de terra
Substancia vocifera 
córrego má(goado)
transparência azeda... 
mortificada pela sua flagelação metal
e sua codificação do perfeito
nunca se unta com jamais no cais de um porto que se despede do seguro....
descarrego em albergue concavo 
acinzentado de perdas e danos
qual valor?
qual ardor?
me diga você agora sem minha ausência ...
sem a distancia que nunca nos uniu ou nos enlaçou 
sem 
a aliança que uma dia surgiu sem pretensão ou coligação 
existiu
e esvaiu em frascos visgados de muita afetação sem feto...
Mei 

Corpo Místico

Corpo Místico
Te deixo apenas por brincadeira...
por saber que não sabe parar de brincar...
respirar...
pirar...
parar...
encontrar...
separar...
solidar...
espere.
tempere...
Mei

Partida

Partida
Que desvios esses ventos nos trazem...
uma emigração sem interrupção...
quantas erupções entre um amor e outro...
entre uma nuvem e outra...
agora
sem tempos
sem céus
sem pausas
encaramos nossas causas
em tenções e intenções equivocas...
barganha genitora e progenitor sem recusas ou escusas
nessa luta hereditária nossa colisão encontra-se em distorção
vulcão lavado e enxugado com promessas de ventanias
sem dedos cruzados ou desinquieto
quieto
silencio
para grandes armaduras energúmenas
contextos descontextualizados por cabaços inertes a ascendência
Crepitação
excitação
Chega!
Começo de uma história quem nunca terá fim mesmo que falem , gritem, chacudam...
nossos sorrisos e lágrimas jamais serão secados ou apagados...
Corridas, Rapinadas, caminhadas e engatinhadas...
Com muitos lençóis coloridos e sem cor para noites sem ventos...
Vestimenta com muitas emendas e poucas fendas...
Tudo com opulência e sem decências, apenas com parentecias...
E agora?
Um vento borralhado inventa de mostrar películas voadoras
e seguro firme nas ondas de minhas transparentes lágrimas...
Mei
   

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Perolas que molham

Perolas que molham
Perolas
Começo a entender que elas não se seguram apenas com linhas
e nem agulhas
que as arte(manhas) já não bastam
que pinturas escorrem
que desenhos se apagam
que colagens se desprendem
e que tudo se transformam em nada...
nadam
bolhas
bolas
pingos em gotas
caem e não voltam
só molham pontas e dedos que insistem em perfurar até ultrapassar
quem sabe?
quem entende?
quem?
as transparências se borram molhadas em vermelhos solitários
frio treme as delicadas pedras de seu caminho
centro vira meio
e meios se partem em grandes buracos vazios
mas no final...
um sinal...
um cordão que almeja ser colar...
para quem sabe não cair nas esquecidas gavetas ou nos pesados álbuns de imagens que um dia foram pinturas
E como num lindo cordel finaliza-se com um forte nó ainda queimado com brancas brasas de uma fumaça sinuosa que enlaçou muitas horas e dias....
Mei

Imagem: Adrian Bonda

Reflexos

Reflexos
O que mais poderíamos ser...
senão um amontoado de cópias regulares
coloridas e passadas
como um rascunho bem traçado e esquecido entre tantas outras...
folhas entalhadas como seus olhos embalsamado nas pequenas amareladas asas
de uma grande borboleta(l) que insiste em não benzer
nada
como um adivinhar de riscado rasgado em tascos bem apertados
grudados
untados
dedos
sem medos
Mei

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Série Flor Tombada II

Flor tombadaII
Quando as labaredas consomem tuas raízes 
apenas minhas íris flameja 
sem rastros ou passos me seguem encandecentes 
sem olhar para trás ou mirar 
com tantas passagens foi escolher a que eu não podia te inflamar
agora se fuzile só...
ou com fumaças frias e soltas no ar que almeja ganhar...
...
Mei








Série Flor tombada I


Flor Tombada I 
Escarlate
escarna...
late... esbraveja...
deixa encarnar a cor que sonha ser...
desmancha esse emaranhado de terras molhadas que tentem a pertencer a sua fogosa pele
permita ser amparada pelas únicas mãos fofas e fundas que um dia te pertenceu 
e se aquiete nesse chão tão mão que um dia será seu não....
Mei 


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Irmã VIII

Irmã VIII
Sepulto Involuntário
Olhos que me abrigam com tanto gosto e adorno...
mãos brancas que me encobrem de tantas cores em fileiras arrumadas...
Lágrimas inumam meus lábios soterrados de seca 
Não se turve com minha desaparição 
entorpeça suas iris e atenue suas mãos 
Aprenda ser menos eu ou menos você enquanto nós desaparecemos num leito amadeirado e perfumado cheios de espaços 
uma viagem de volta sem rodas ou molas, pois nossas voltas não se voltam apenas se revoltam 
Não está só como nunca me viu só 
Com sua boneca menor no colo quente e batido sentirá que estou e não sou
uma parceira de memórias costuradas em linhas de vidas nos panos brancos que sempre cobriram nossas bocas ocas de ecos 
Agora chega de sopros quentes e desprendamos para as hilariantes brincadeiras de verdades 
com idades
com cidades
com saudades
com...
adeus 
Deus
de irmã?
Mei   

Imagem: Paulina Góra

terça-feira, 20 de maio de 2014

Circulo branco

sinto...
e não respiro...
os dias estão começando a escorrer...
e correr entre e ao redor...
sinto que não continuarei dentro desse circulo que me desenhou...
o vento chegando forte e as folhas se despedindo de mansinho
Um frio intenso apenas existe pra me lembrar...
sua partida...
partindo devagar e levinho como seu circulo branco e pequenininho.
Não consigo mais cobrir meus olhos em seu manto branco...
minha boca ainda está coberta, mas minhas palavras se partem em minusculas partículas que voam em direção de um mundo sem fim...
Como ficará meus pensamentos sem seu circulo?
....
quente?
só?
vazio?
...
Mei


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Roda viva

Gira... roda em voltas que nunca volta...
contornos rodeados por passados descoloridos
assentos frios e molhados a espera de uma criança que nunca voltou
menina solitária em ventos companheiros
perdida entre cadeiras de idas e voltas
quantas deu?
quantas perdeu?
quantas ganhou?
quantas se foi
e quando quebrou?
brincadeira desativada em um esconderijo descoberto
mão fria me pede pra voltar...
para qual cadeira sentar?
em qual volta parar?
posso confiar?
Mei

Imagem: Aron Wiesenfeld

sábado, 10 de maio de 2014

Lábios negros...

Vem?
sem pretensão...
convido-te a entrar nesse lindos sangue lábios negros...
experimentar o amargo sabor desse liquido que me consome e invade todos os eus e meus Self e egos e sei lá mais o que existe nessa longínqua esfera mortal e inóspita mulher.
menina...
esquecida...
alguém...
na página ou na memória...
ou simplesmente nos espermas invisíveis que um dia pudesse existir...
só marcas profundas e negras invadem e se grudam na pele branca e sem pintar insiste em expressar sua masculinidade inútil e seca.
Hoje
permito que invada minha liquida, ondulante e vaga alma com seus negros apêndices filiformes ou contrações? ... seja lá o que for...
te deixo entrar..
sem se demorar...
Mei

Imagem: Yang Na

sábado, 3 de maio de 2014

Menina Borrada

Menina borrada
Senta?
sem (ta)
vem pra mim com toda a sua ausência de preconceitos e feitos
seja pura
usa sua Ura
Com toda a minha pericia te deixo arranhar meus grandes e afiados ser
não tenha medo...
sou apenas
alguém te espera
e te acolhe
te acerto as formas e cores
vem?
Prometo que não (te) uso borracha.
Mei

Imagem: Candice