terça-feira, 25 de março de 2014

Venda interna

Mudança de valores em espaços internos
cavidades extremas em idades tenras
pretextos rendados em silêncios
palavras suavemente coloridas bordadas em negações aceitas
e negociações em relevos
fúria infantilizadas nos grandes cílios retocados de brilho superficial
peça  babada de babados delicadamente penetrados
sonhos em sonhos murchos e já sem recheio cremoso
anjos sem asas e nuvens sem gosto
apenas algodoes secos
usos vendidos e vestidos perdidos
imagem sem tempo em paisagem parada
quando o fiar começou a se tornar tão profundo num fundo sem tudo
torcendo filamentos com inventos e arrebentos num vai e vem sem medidas
e assim
surgindo um casulo tão grande espesso grosso só para assegurar que nenhuma borboleta ou seda fosse iniciada a uma renovação
só transformação
reparação
uma mutação
de que tal ação?
Mei

Imagem: Jana Brike

Irmã VII

Assim tão leve e solta como sussurros
Ecoados no escuro do tempo
Suspensas em alicerces escuros, pontudos e afiados
Sonhamos por um chão seguro que nunca subia e nem existia
De cílios cerrados em forças transcendentais que não deixam de ser acidentais
Sonhos sobrevoando cabeças cabelos elos descobertos de tecidos
Tecidos levianamente sem culpa ou remorso
Torso e retorço de ventos internos
Mágoas secas escorrem de pés sem chão
Ou não
Mãos sem medos
Ou dedos
Quantos meios sem reios segregados por ondas de teias sutilmente abençoadas
Bênçãos em pingos suaves como toques e retoques
Que toques

...

Mei

Imagem: Liza Falzon

Irmã VI

Irmã VI
Sim minha esperada alma gêmea sempre foi os espinhos que nos envolveu
Com laços vermelhos escorregadios
Colantes e eternos em cada colheita
Empreita de favores e rumores sempre cheios de amores nem sempre perfeitos
União de ramos e rumos em caminhos regados de sal e liquido
Tudo e nada sustentados pelo seu delicado olhar...
E nossa combinação de cores nas dores muitas vezes perdidas e achadas em agachadas

Mei

Imagem: Beatriz Martim Vidal

sexta-feira, 14 de março de 2014

recompartilhar...

tá tudo bem...
Eu sei que não era pra ser assim, e que demorei muito para perceber...
e agora aqui de cima 
sentindo o vento
o ar
as cores
os movimentos
as linhas de várias vidas
entendo
não posso mais
me deixar só com você
preciso me empinar
me soltar
me voarr
preciso de minha linha
que um dia te deixei soltar...
preciso me enrolar, desenrolar e rolar com outras e mais
cores e grossuras
simplesmente
só...
Mei

Verdade

Verdade
verdades...
o que sustenta suas vontades
suas fantasias
suas catástrofes
suas armações
sua fé
...
penalidades
maldades
quem são as verdades...
o que são verdades...
amor
amizade
carinho
fetiches
força
autoridade
onde estão as idades...
...
arrumada
armada
pintada
aberta
para você
força suprema
ser amado
encontrado em raízes e retratos
agora
no grafite cinza prata cintilante
que cega e amordaça as visões perfeitas
mineral afiado e sem fim
condutor de histórias que poderiam ser escritas
e um dia vividas
mas ...
só cópias
de almas
vidas
olhares
e fala
Mei

chão

apagam-se as luzes para não ver
seu
chão..
Mei
Foto: apagam-se as luzes para não ver
seu
chão..
Mei

Irmã V


Por Cheryl Austin


Irmã V
Quando...
Nossa visão começou a se fundir
 se separar?
Onde...
Foi que as desventuras foram maiores e menores para ambas
Como...
Tudo parecia tão necessário e desnecessário a tantos olhos e pouca ilusão
Poses e retratos foram capturados e anos revelados
Formas foram se transmutando e cabeças foram rolando e semeando um novo caminho para nossos pés fracos e nus
dançarem
 pisotearem
pensamentos passados e ideias de marrons
entre dedos e vãos fomos nos entrelaçando novamente nossas visões e vidas
unificando
dois
ou talvez quatros
são tantos...
Mei

Irmã IV

Irmã IV
Medo
Pusilanimidade
Pulsátil em fragmentadas estações
Reflexos de lembranças que talvez
nunca foram realizadas
doadas eternizadas
um tudo que jamais foi sentido e mantido
uma vida de vidas que não permitiram ser vivida
e agora
sem cor ou ondas
nem mesmo louras
apenas sombras e vultos de reproduções falidas e vazias
sangue já não há mais
nem mesmo frio nessa indiferença de formas
chega
não resisto a tanta falta de cor
sua
só a sua me importa
me conduz
me exprime
me entrego agora a esse rio
riso
de vindas e idas
para quem sabe lhe encontrar
não importo mais com nada e nem ninguém
se esse existiu
deixo
permito que me sigam
quem um dia quiser viver ou sentir
sua
cor

Mei

Irmã III

Irmã III
Eu sou aquela que ficou no degrau de baixo
Que um dia ou noite não obteve ou se quiser alcançou o entendimento, o sentir, o perceber que algo estava transportando-se.
Portando esse algo nos seguiu e fugiu
Conversas risos altos e sonhos que foram resvalando de degrau a degrau minuto a anos que num segundo se deparou com um amontoado de esquecidos no balaio que nunca foi tão grande e cheio
Uma escada que nunca foi tão providencial
Um sonho de princesa que nunca passou de borralheira
Quantas contas foram feitas para que cada degrau subisse e se elevasse ao seu condado
Quantas questões e inquisições foram feitas e refeitas
Quantos espaços foram dados para que nos distanciasse tanto a ponto de não ver mais seu degrau
Mãos que foram entrelaçadas e enlaçadas com encargos e sutilezas
Olhares fundos de vazios provocados e sustados por uma união de laços forjados e mantido
Por anos de amor enfarruscado e eternizado
Dupla de uma alma em consanguinidade a algo
Histórias que não tiveram fim nem enredo
Mas foram escritas por alguém que não está
Aqui

Mei 

Irmã II

Irmã II
Preceptora de verdades e mentiras
Espirito amamentador de linhas contadas, escritas, desenhadas, entornadas, esculpidas com puro néctar do espavento
Menininha danada que nada e embala
Com vento ou sem vento, apenas com sussurros
Nauta sombria de barco delicadamente gerado
com palavras lavradas veemente densas
Lança-a um destino molhado
com gosto de sal
transparência vermelha
onde a solidão que me acoimou grita e perfura meus orifícios auricular
e assim ondulando nas ondas loiras vejo que ainda
está comigo

Mei

Irmã I


Irmã I
como entender
são apenas veias...
vermelhas,roxas,pretas e confusas
finas, lisas, macias, brilhantes
mundos diferentes e distantes
por fronteiras consanguíneas interligadas com
agulha
unha
tesoura
outra
afiada fria dura
aberta por dedos nem sempre pequenos e frágil
por tantos buracos rasgos foi se
encontrando apertando sugando e
nunca adentrando
só perfurando
e perdendo em meio a sangues rasos e inóspitos
uma brincadeira que poderia ter sido divertida
e que sabe
vida

Mei 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Memória intolerável

Memória intolerável
Infância esquecida com pinturas impostas e desenhos marcados
Fugas sem fim
...
ninhos desfeitos
Cria sem rumo
Palheiro sem portas e sem fundo
Onde começa a fertilidade e a inutilidade
Tons desnecessários a uma representação artística...

Mei


domingo, 2 de março de 2014

Inocência perdida

O inocente nasce no mundo que tira sua inocência. Toda criança está condenada a se tornar um pecador. Freud
Por que?
porque tudo que se perde
ou?
...
ganha...
conquista...
seduz...
troca...
no quente 
no macio
perto
aconchego
de conhecidos...
parentes amigos
outros inquilinos
quem são?
(se)não
vocês                                              mesmos...
Mei